quinta-feira, 16 de março de 2017

Da lavoura à cuia: a cultura da erva-mate no Rio Grande do Sul

Em http://www.escoladochimarrao.com.br/curiosidades-inf.php?cod=17

A chegada do chimarrão ao Estado e a sua influência na vida do gaúcho 
Douglas Carvalho & Paulo Azevedo 
Reportagem realizada em Setembro de 2007 

Uma tradição que teve inicio com os índios paraguaios, veio para o Estado através dos padres jesuítas e que já passou por ascensões e declínios vive hoje o seu auge. Basta reparar os grupos de amigos e familiares que freqüentam as praças, parques e praias do Rio Grande do Sul para perceber que entre eles geralmente estão circulando uma cuia e uma garrafa térmica. Mas isso não ocorre apenas nesses locais de lazer. Nos escritórios, faculdades, fazendas, agências bancárias e repartições públicas também é comum ver uma cuia passando de mão em mão. 

Segundo Manoelito Savaris, presidente da Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), o chimarrão é atualmente o hábito típico mais difundido entre os gaúchos. Logo atrás do famoso chá de erva-mate estão o arroz de carreteiro e o churrasco. O interessante é que esses três hábitos fazem parte da rotina dos gaúchos independente de quais sejam sua faixa etária e classe social. 

Seu Manoelito é um defensor e propagador das tradições gaúchas. Ele explica que o mate tradicional deve ser feito em uma cuia de porongo, sorvido com uma bomba (espécie de canudo) de prata com bocal de ouro. A água deve ser fervida até o primeiro chio da chaleira, quando está numa temperatura entre 75 e 78 graus. A erva pode ser a chamada tradicional (mais comum entre os gaúchos), ou a argentina, mais forte e amarga. "Não tenho nada contra o pessoal que coloca açúcar no mate, ou que gosta de cuia de vidro, mas é preciso que fique claro que isso não faz parte da tradição gauchesca", explica Manoelito. Para ele é importante que a cultura do mate, assim como ele é tomado no Estado, seja preservada, até porque esse hábito teve origem há quase 400 anos. 

No início do século XVII, os primeiros padres jesuítas chegaram à América do Sul, na região do Guairá (hoje Leste do Paraguai, Oeste do Estado do Paraná e Sul do Mato Grosso do Sul). À medida que foram convivendo com os índios Guarani e Kaingang, os padres começaram a observar e em alguns casos incorporar os hábitos dos nativos. Um desses costumes era o tererê, um chá feito com erva mate e água fria, e tomado em cuias de porongo com o uso de um canudo de bambu. Até hoje o tererê é muito popular no Paraguai, no Mato Grosso do Sul e no Oeste do Paraná. Os jesuítas, seguindo o exemplo dos ingleses, que tomam o seu chá quente, resolveram esquentar a água do tererê. Começava, então, a nascer o chimarrão assim como nós o conhecemos hoje. No ano de 1626, os padres chegaram ao Rio Grande do Sul, mas não ficaram por muito tempo, já que em 1641 foram expulsos pelos bandeirantes. Mas, em 1682, eles voltaram e, dessa vez, conseguiram se estabelecer no Estado, formando os Sete Povos das Missões. 

Aos poucos, os índios locais começaram a gostar do "chá" trazido pelos jesuítas e não demorou muito para que o mate fosse incorporado à sociedade gaúcha. Durante os séculos XVIII e XIX, o chimarrão foi a bebida oficial do gaúcho. No entanto, a partir do início do século XX, o consumo do "mate amargo" começou a entrar em declínio. Na opinião do presidente do IGTF, isso de deu por causa da grande influência dos hábitos americanos e franceses que invadiram o Estado nessa época. Nesse período, o gauchismo estava em declínio, era visto como algo atrasado, conservador. 

No ano de 1948, surge o Movimento de Tradições Gaúchas, liderado por Luiz Carlos Barbosa Lessa e por João Carlos Paixão Cortes. A idéia do MTG era resgatar e difundir as tradições típicas do Estado. Entre elas, estava o chimarrão, que, a partir de então, voltou a conquistar adeptos, principalmente entre a população do interior e as pessoas de mais idade. Além de popularizar, o movimento tradicionalista também fortaleceu o lado socializante do mate. Manoelito Savaris destaca que no Uruguai e no Paraguai a bebida é tomada de forma solitária, o que justifica o uso de uma cuia menor. Já no Rio Grande do Sul e na Argentina só se toma chimarrão sozinho quando falta companhia. Mas foi durante a década de 1980, com os festivais de música gauchesca, como a Califórnia da Canção Gaúcha que ocorre até hoje em Uruguaiana, que o mate conquistou os jovens do Estado. A partir de então, o hábito só vem se espalhando entre os gaúchos, onde quer que eles estejam. Hoje em dia, com a melhoria das técnicas de conservação (como a erva embalada em vácuo), é possível encontrar erva de boa qualidade em outros Estados, e até mesmo em outros países. Gaúchos que estão na Califórnia, Europa, Austrália ou Japão podem encontrar o produto em lojas de artigos brasileiros. 


A terra do chimarrão 

Venâncio Aires conserva os traços de cidade do interior. Distante 130 Km de Porto Alegre, o município ainda mantém recantos onde o tempo parece não passar. Apesar da industrialização, direcionada ao fumo e, claro, à erva-mate, o clima em "Venâncio" (como é mais conhecida) preserva a tranqüilidade do campo e dos ervais. 

A cidade se localiza entre os Vales do Taquari e do Rio Pardo. Possui, segundo o último levantamento do IBGE, mais de 60 mil habitantes. Seu nome representa uma homenagem. O jornalista Venâncio de Oliveira Aires foi um esmerado defensor dos ideais republicanos e abolicionistas. 

O lugar é conhecido como "a capital nacional do chimarrão". E o título, se não for merecido, é, pelo menos, levado a sério. Na entrada da cidade e em alguns pontos específicos, podem-se ver esculturas de cuias nos canteiros das vias. O comércio é voltado para o cultivo da erva-mate. Freqüentes são os estabelecimentos que levam nomes sugestivos, sempre referentes à planta ou ao chimarrão. As placas que indicam o nome das ruas também são ornadas pela figura de uma cuia. O verde está nas lavouras e, também, nas costumes de Venâncio Aires. 

A cada dois anos, ocorre a Fenachim. É geralmente no mês de maio que o Parque Municipal do Chimarrão abriga a já consagrada Festa Nacional do Chimarrão. O evento vai para sua décima edição em 2008. Apresentações artísticas, exposições industriais e comerciais e mostra cultural integram a programação. E, assim, um outro título se faz presente nesta história. Não para o município, mas para a Fenachim, chamada de "a festa mais completa do Rio Grande". 

O brasão de Venâncio Aires é composto por dois ramos de fumo circundando o símbolo, em cujo interior há duas mãos unidas e uma cuia de chimarrão. Talvez, a presença das mãos signifique a importância das duas culturas que, unidas, contribuem para o crescimento da região. O próprio hino da cidade ratifica: "Nos teus campos tão belos, imensos/ Onde crescem o fumo e o erval/ Na indústria, no teu progresso/ Tu serás do Rio Grande o fanal". O termo "fanal" significa farol, luzeiro ou, em um sentido mais figurado, guia, norte, estrela. Conforme previa o poeta, Venâncio já é, certamente, a estrela do nosso





  

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Artigo 2014. From modern chess to liquid games.

CALLONI, Humberto. LARCEN, César G. From modern chess to liquid games: an approach based on the cultural studies field to study the modern and the post-modern education on punctual elements. In: CRIAR EDUCAÇÃO Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação. UNESC, v. 3, p. 1-19, 2014.

 

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LINCK, Ricardo Ramos. LORENZI, Fabiana. Clusterização: utilizando Inteligência Artificial para agrupar pessoas. Porto Alegre: César Gonçalves Larcen Editor, 2013. 120p. il.

Livro 2012. As regras do Truco Cego.

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AGUIAR, Vitor Hugo Berenhauser de. As regras do Truco Cego. Porto Alegre: César Gonçalves Larcen Editor, 2012. 58 p. il.



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