segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Por que o Brasil ainda não tem mestrado e doutorado a distância?

Em http://www.administradores.com.br/noticias/academico/por-que-o-brasil-ainda-nao-tem-mestrado-e-doutorado-a-distancia/94796/

Uma pessoa com deficiência encontra muitas barreiras e é necessário vencê-las diariamente para alcançar seus objetivos e sonhos

Dolores Affonso, Administradores.com, 8 de novembro de 2014 , às 11h02

Muitas pessoas me perguntam se eu tenho mestrado e doutorado. Não, não tenho. Sou professora de graduação e pós-graduação, coach, consultora e, profissionalmente, preciso de um mestrado, além de pessoalmente sonhar com isso há alguns anos! É um grande objetivo pessoal e profissional! O meu problema, e de muitas outras pessoas, não é achar um programa de mestrado que me agrade ou me candidatar, mas as inúmeras dificuldades em cursar um mestrado presencial.

Uma pessoa com deficiência encontra muitas barreiras e é necessário vencê-las diariamente para alcançar seus objetivos e sonhos. Muitas delas poderiam ser facilitadas, derrubadas com políticas e ações simples.

A exclusão é um problema grave no Brasil. É possível contar nos programas de mestrado a quantidade de pessoas com deficiência que, com muitas dificuldades e se superando todos os dias, conseguem cursá-los.

Um mestrado a distância resolveria grande parte deste problema. Mas, por mais incrível que possa parecer para nossa sociedade, o Brasil não tem um programa de mestrado a distância como já ocorre em diversos países. A UAB (Universidade Aberta do Brasil) até lançou alguns programas de mestrado semipresenciais para professores da educação básica, em artes, história, física, matemática etc., mas que não atendem à demanda nem supre as necessidades profissionais e acadêmicas de quem busca um mestrado ou um doutorado fora do escopo oferecido.

Atualmente, estudo a possibilidade de cursar mestrado a distância em Portugal, Espanha ou Estados Unidos, mas adoraria poder cursar no meu país. A educação aberta e em rede é uma realidade no mundo e o Brasil ainda tem muito que caminhar neste sentido. Temos no país diversas instituições de renome internacional, públicas e privadas que poderiam oferecer este nível de formação acadêmica e profissional na modalidade a distância, não apenas para brasileiros, como também para estrangeiros interessados em investir em seus estudos em nossas universidades. Ouço diversas alegações sobre a possível má qualidade de um programa nestes moldes, mas não entendo de onde surgiu este pensamento.

No Brasil, temos centenas de instituições que oferecem graduação e pós-graduação na modalidade EaD com altíssima qualidade e reconhecimento internacional, como a Fundação Getúlio Vargas, IBMEC, PUC, USP e tantas outras, inclusive públicas. Além disso, diversas instituições pelo mundo já oferecem mestrados a distância e com alta qualidade! Então, por que no Brasil deveria ser diferente?

Podemos citar diversos motivos para que tal medida seja implementada. O que me vem primeiro à mente são as barreiras que enfrento diariamente como uma pessoa com deficiência visual. Não apenas eu, mas 45,6 milhões de pessoas com deficiência em todo o país enfrentam inúmeras barreiras no seu dia a dia, inclusive na sua vida acadêmica, profissional e social, como a falta de acessibilidade das cidades, dos transportes públicos, que dificultam nosso deslocamento. Se pararmos para observar, veremos as enormes dificuldades dos cadeirantes e deficientes visuais em se deslocar de um ponto a outro, inclusive a vulnerabilidade. Claro que todos são vulneráveis à violência, mas, se enxergando já fica difícil perceber uma situação de risco, imagine sem enxergar? É difícil fugir de uma situação de perigo, imagine sem andar, preso numa cadeira de rodas? Como pedir socorro, ligar para a emergência sendo surdo, mudo ou com alguma dificuldade de fala? Além dos problemas de locomoção, comunicação e segurança, ainda enfrentamos as dificuldades internas das instituições que não estão prontas para atender as necessidades de tais alunos. Mas não é só nas pessoas com deficiência que devemos pensar!

Na atualidade, as pessoas têm cada vez menos tempo, o que limita sua disponibilidade para cursar um mestrado presencial. Isso é comprovado pela quantidade de pessoas cursando a modalidade a distância. Segundo a ABED (Associação brasileira de Educação a Distância), são quase 6 milhões de alunos no ensino superior a distância no Brasil. Dados do censo EADBR de 2012.

Além da flexibilidade de horários, de poder estudar de qualquer lugar, ainda há o avanço acelerado das tecnologias que facilitam, tornando a EaD muito mais acessível, oferecendo maior possibilidade de uma educação inclusiva, para todos. Com a EaD, é possível, mesmo fora dos grandes centros, no interior, áreas rurais, urbanas etc. cursar uma formação acadêmica e profissional.

Ainda sobre a qualidade, muitas pessoas me perguntam como foram meus estudos pela modalidade EaD e falo com muito orgulho: fiz graduação em Administração de empresas e três pós-graduações a distância em Marketing, Design Instrucional e Educação Especial e as instituições foram ótimas e os cursos de alta qualidade.

Proponho uma consulta pública para que o MEC identifique o contingente imenso de interessados em mestrados e doutorados a distância e os implantem no país. Afinal, essas pessoas acabam, atualmente, optando por cursar em universidades fora do Brasil, quando poderiam cursar aqui! E me pergunto: Por que o Brasil não tem mestrado e doutorado a distância? Nós (pessoas com deficiência) queremos fazer mestrado e doutorado também! E queremos oportunidades iguais!

Mas não é por falta de políticas públicas neste sentido que deixaremos de sonhar com o crescimento acadêmico e profissional e com uma vida melhor. Vamos... ( continua em http://www.administradores.com.br/noticias/academico/por-que-o-brasil-ainda-nao-tem-mestrado-e-doutorado-a-distancia/94796/ )

Dolores Affonso é coach, palestrante, consultora, designer instrucional, professora e idealizadora do Congresso de Acessibilidade.



  • DOWNLOAD PARCIAL. LARCEN, César Gonçalves. Mais uma lacônica viagem no tempo e no espaço: explorando o ciberespaço e liquefazendo fronteiras entre o moderno e o pós-moderno atravessando o campo dos Estudos Culturais. Porto Alegre: César Gonçalves Larcen Editor, 2011. 144 p. il.
  • DOWNLOAD GRATUÍTO. FREE DOWNLOAD. AGUIAR, Vitor Hugo Berenhauser de. As regras do Truco Cego. Porto Alegre: César Gonçalves Larcen Editor, 2012. 58 p. il.
  • DOWNLOAD GRATUÍTO. FREE DOWNLOAD. LINCK, Ricardo Ramos. LORENZI, Fabiana. Clusterização: utilizando Inteligência Artificial para agrupar pessoas. Porto Alegre: César Gonçalves Larcen Editor, 2013. 120p. il.
  • DOWNLOAD GRATUÍTO. FREE DOWNLOAD. LARCEN, César Gonçalves. Pedagogias Culturais: dos estudos de mídia tradicionais ao estudo do ciberespaço em investigações no âmbito dos Estudos Culturais e da Educação. Porto Alegre: César Gonçalves Larcen Editor, 2013. 120 p.
  • CALLONI, H.; LARCEN, C. G. From modern chess to liquid games: an approach based on the cultural studies field to study the modern and the post-modern education on punctual elements. CRIAR EDUCAÇÃO Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação UNESC, v. 3, p. 1-19, 2014.
    http://periodicos.unesc.net/index.php/criaredu/article/view/1437


Nenhum comentário: